Jó 6
Almeida Revista e Corrigida 2009
Jó justifica as suas queixas
6 Então, Jó respondeu e disse: 2 Oh! Se a minha mágoa retamente se pesasse, e a minha miséria juntamente se pusesse numa balança! 3 Porque, na verdade, mais pesada seria do que a areia dos mares; por isso é que as minhas palavras têm sido inconsideradas. 4 Porque as flechas do Todo-Poderoso estão em mim, e o seu ardente veneno, o bebe o meu espírito; os terrores de Deus se armam contra mim. 5 Porventura, zurrará o jumento montês junto à relva? Ou berrará o boi junto ao seu pasto? 6 Ou comer-se-á sem sal o que é insípido? Ou haverá gosto na clara do ovo? 7 A minha alma recusa tocar em vossas palavras, pois são como a minha comida fastienta.
8 Quem dera que se cumprisse o meu desejo, e que Deus me desse o que espero! 9 E que Deus quisesse quebrantar-me, e soltasse a sua mão, e acabasse comigo! 10 Isto ainda seria a minha consolação e me refrigeraria no meu tormento, não me poupando ele; porque não repulsei as palavras do Santo. 11 Qual é a minha força, para que eu espere? Ou qual é o meu fim, para que prolongue a minha vida? 12 É, porventura, a minha força a força da pedra? Ou é de cobre a minha carne? 13 Está em mim a minha ajuda? Não me desamparou todo auxílio eficaz?
14 Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso. 15 Meus irmãos aleivosamente me trataram; são como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam, 16 que estão encobertos com a geada, e neles se esconde a neve. 17 No tempo em que se derretem com o calor, se desfazem; e, em se aquentando, desaparecem do seu lugar. 18 Desviam-se as caravanas dos seus caminhos; sobem ao vácuo e perecem. 19 Os caminhantes de Temá os veem; os passageiros de Sabá olham para eles. 20 Foram envergonhados por terem confiado; e, chegando ali, se confundem. 21 Agora, sois semelhantes a eles; vistes o terror e temestes. 22 Disse-vos eu: dai-me ou oferecei-me da vossa fazenda presentes? 23 Ou: livrai-me das mãos do opressor? Ou: redimi-me das mãos dos tiranos?
24 Ensinai-me, e eu me calarei; e dai-me a entender em que errei. 25 Oh! Quão fortes são as palavras da boa razão! Mas que é o que censura a vossa arguição? 26 Porventura, buscareis palavras para me repreenderdes, visto que as razões do desesperado são como vento? 27 Mas, antes, lançais sortes sobre o órfão e especulais com o vosso amigo. 28 Agora, pois, se sois servidos, olhai para mim; e vede se minto em vossa presença. 29 Voltai, pois, não haja iniquidade; voltai, sim, que a minha causa é justa. 30 Há, porventura, iniquidade na minha língua? Ou não poderia o meu paladar dar a entender as minhas misérias?
Jó 6
Portuguese New Testament: Easy-to-Read Version
Resposta de Jó
6 Então Jó respondeu:
2 “Se o meu sofrimento pudesse ser medido,
se as minhas desgraças pudessem ser pesadas numa balança,
3 elas pesariam mais do que a areia dos mares,
por isso falo sem pensar nas consequências.
4 As flechas do Todo-Poderoso estão dentro de mim,
e o meu espírito bebe o seu veneno.
Os terrores de Deus caem sobre mim sem parar.
5 Por acaso zurra o jumento quando tem erva
ou muge o boi quando tem pasto?
6 Quem gosta de comer algo sem gosto e sem sal?
Quem gosta da baba da beldroega[a]?
7 Não posso tocar em tal coisa,
essa comida me faz vomitar.
8 Só gostaria que Deus me desse o que lhe pedi,
que me concedesse o que quero:
9 que Deus deixe que eu seja esmagado,
que me deixe escapar da sua mão e me mate.
10 Assim eu teria o consolo
e a alegria de, no meio de tanto sofrimento,
não ter parado de falar a verdade sobre o santo Deus.
11 Já não tenho mais forças nem paciência para viver.
O que há no futuro para que eu ainda tenha esperança?
12 Será que sou de pedra ou de ferro
para suportar tanta dor?
13 Não sou capaz nem de ajudar a mim mesmo,
estou totalmente indefeso.
14 “Um homem desesperado deveria contar com o amor dos seus amigos,
mesmo quando tivesse pecado contra o Todo-Poderoso.
15 Mas os meus amigos são traiçoeiros.
Eles enganam como um ribeiro sem água,
são perigosos como um rio que transborda.
16 Eles são como o gelo e a neve derretida:
aumentam de volume e não são de confiança.
17 Mas também se evaporam depressa;
quando chega o calor, desaparecem completamente.
18 Como caravanas que se perdem no caminho,
que entram no deserto e perecem.
19 As caravanas de Temã procuram água,
os viajantes de Sabá têm esperança de encontrar água.
20 Mas quando chegaram ao lugar onde devia haver água,
não encontraram nada e ficaram desesperados.
21 Assim são vocês também para mim.
Viram a minha desgraça e ficaram cheios de medo.
22 Será que eu pedi alguma coisa de vocês?
Não pedi que me dessem a sua riqueza para poder me salvar.
23 Não pedi que me resgatassem do poder de quem está me oprimindo,
nem do poder de quem me ameaça com violência.
24 “Ensinem-me e ficarei calado,
digam-me qual foi o meu erro.
25 As palavras verdadeiras têm grande poder,
mas os argumentos de vocês nada provam.
26 Pretendem corrigir o que eu digo,
mas consideram as palavras de quem está desesperado como palavras levadas pelo vento.
27 Vocês seriam capazes de sortear um órfão
e de vender um dos seus amigos?
28 Agora olhem bem para mim,
pois eu não seria capaz de lhes mentir.
29 Reconsiderem a questão e não sejam injustos.
Pensem bem, porque está em jogo a minha reputação.
30 Será que disse alguma coisa para enganá-los?
Será que a minha boca já não distingue a mentira da verdade?
Footnotes
- 6.6 beldroega Uma planta comestível que cresce no clima seco. As suas folhas produzem um suco parecido com a saliva.
Copyright 2009 Sociedade Bíblica do Brasil. Todos os direitos reservados / All rights reserved.
Copyright © 1999 by World Bible Translation Center